Minha janela em Compenhagen (crônica de viagem)
Minha janela em Copenhagen
Doce é o exílio voluntário que me impus na Dinamarca.
Exilado com passaporte, cartão de crédito, sem precisar de visto de entrada, não me sinto estrangeiro na Dinamarca. Pedi um carimbo no passaporte para poder um dia folheá-lo e relembrar que estive aqui.
Cheguei a Dinamarca ainda pensando nos jovens que fumam maconha nas ruas de Amsterdan, nas prostitutas gordinhas que se expõem nas vitrines das “red lights”, mas também devo dizer com as imagens de Rembrandt do RIJK Museun, com o olhar de Van Gogh em seu auto-retrato e com um gosto de Heineken feita em casa.
Na ferroviária havia um grupo barulhento no guarda volumes : brasileiros ! Mineiros, paulistas, fluminenses... invadiam o pais alegremente enquanto tentávamos nos entender com as máquinas automáticas que poderiam aprisionar nossas malas para sempre. Um conselho de quem esta saindo para quem esta chegando : procurem as informações turísticas do outro lado da rua e alugue uma casa, ou parte dela, por uns dias. Lá fomos nós em busca de um canto para dormir nesta cidade com nome de chocolate. O centro de informações é um primor de organização e de delicadeza, se tem todas as informações, dezenas de folhetos em diversos idiomas. Aluguei, em parte levado pelo sorriso da jovem que me atendeu, um quarto na casa do Sr. Joan Tomas, temeroso de estar sendo mandado para um local nefasto próximo do fim do mundo.
Saltamos do ônibus, depois de uma viagem de poucos minutos, em uma rua sem movimento no início do bairro antigo de Copenhagem e nos encontramos alojados em uma apartamento de quatro quartos, simples mas bem montado. Nos foi reservado um grande quarto com cama, poltronas, mesa de trabalho e tudo mais que um viajante pode precisar para se sentir em casa. Um “sejam bem vindos” falado em espanhol selou de vez o nosso casamento com a cidade.
Banhado sentei-me à mesa, preparei o computador portátil, e enquanto o programa era carregado abri a cortina. A paisagem é magnificamente bela e tranqüila. Certamente escrevi tantas linhas para falar do essencial: da minha janela em Copenhagen. Imitando Machado lhe digo “meu caro leitor”, dias antes observei Paris anoitecer do alto da Torre Eifel, me encantei com a beleza da catedral germânica de Colônia e com os Castelos na margem do Reno, mas nada tem o encantamento da minha janela em KÆBENHAVN, fazendo justiça ao idioma local, na margem do lago Soterdans, próximo a Ponte da Rainha Luiza, é um dos três lagos em que foi transformado um braço do rio.
Prédios centenários conservados com carinho, águas sempre sopradas pelo vento como se estivessem vivas, mansas como se adormecias. Nas margens mulheres empurram carrinhos de criança protegidos por plásticos transparentes, de perto se vê sorrisos alegres e bochechas rosadas, pais e filhos que fazem ginástica juntos, namorados que passeiam de mãos dadas e marrecas de vez por outra esvoaçam sobre as águas como se estivessem buscando acordá-las de seu adormecer.
São dezenove e trinta e o céu se recusa a anoitecer. O sol redivivo, um momento, se revoltou contra as nuvens e despejou generosos raios sobre a paisagem. Deixei o computador fotografei incansavelmente tudo que via, pena não poder fotografar meus sonhos. Um povo feliz passeia de bicicleta sob minha janela em Copenhagen. Esqueço do resto da Europa, do mundo e das saudades do Brasil para simplesmente olhar pela janela.
Edgard Bessa 28/08/98 7:45 Copenhagen - Dinamarca
Doce é o exílio voluntário que me impus na Dinamarca.
Exilado com passaporte, cartão de crédito, sem precisar de visto de entrada, não me sinto estrangeiro na Dinamarca. Pedi um carimbo no passaporte para poder um dia folheá-lo e relembrar que estive aqui.
Cheguei a Dinamarca ainda pensando nos jovens que fumam maconha nas ruas de Amsterdan, nas prostitutas gordinhas que se expõem nas vitrines das “red lights”, mas também devo dizer com as imagens de Rembrandt do RIJK Museun, com o olhar de Van Gogh em seu auto-retrato e com um gosto de Heineken feita em casa.
Na ferroviária havia um grupo barulhento no guarda volumes : brasileiros ! Mineiros, paulistas, fluminenses... invadiam o pais alegremente enquanto tentávamos nos entender com as máquinas automáticas que poderiam aprisionar nossas malas para sempre. Um conselho de quem esta saindo para quem esta chegando : procurem as informações turísticas do outro lado da rua e alugue uma casa, ou parte dela, por uns dias. Lá fomos nós em busca de um canto para dormir nesta cidade com nome de chocolate. O centro de informações é um primor de organização e de delicadeza, se tem todas as informações, dezenas de folhetos em diversos idiomas. Aluguei, em parte levado pelo sorriso da jovem que me atendeu, um quarto na casa do Sr. Joan Tomas, temeroso de estar sendo mandado para um local nefasto próximo do fim do mundo.
Saltamos do ônibus, depois de uma viagem de poucos minutos, em uma rua sem movimento no início do bairro antigo de Copenhagem e nos encontramos alojados em uma apartamento de quatro quartos, simples mas bem montado. Nos foi reservado um grande quarto com cama, poltronas, mesa de trabalho e tudo mais que um viajante pode precisar para se sentir em casa. Um “sejam bem vindos” falado em espanhol selou de vez o nosso casamento com a cidade.
Banhado sentei-me à mesa, preparei o computador portátil, e enquanto o programa era carregado abri a cortina. A paisagem é magnificamente bela e tranqüila. Certamente escrevi tantas linhas para falar do essencial: da minha janela em Copenhagen. Imitando Machado lhe digo “meu caro leitor”, dias antes observei Paris anoitecer do alto da Torre Eifel, me encantei com a beleza da catedral germânica de Colônia e com os Castelos na margem do Reno, mas nada tem o encantamento da minha janela em KÆBENHAVN, fazendo justiça ao idioma local, na margem do lago Soterdans, próximo a Ponte da Rainha Luiza, é um dos três lagos em que foi transformado um braço do rio.
Prédios centenários conservados com carinho, águas sempre sopradas pelo vento como se estivessem vivas, mansas como se adormecias. Nas margens mulheres empurram carrinhos de criança protegidos por plásticos transparentes, de perto se vê sorrisos alegres e bochechas rosadas, pais e filhos que fazem ginástica juntos, namorados que passeiam de mãos dadas e marrecas de vez por outra esvoaçam sobre as águas como se estivessem buscando acordá-las de seu adormecer.
São dezenove e trinta e o céu se recusa a anoitecer. O sol redivivo, um momento, se revoltou contra as nuvens e despejou generosos raios sobre a paisagem. Deixei o computador fotografei incansavelmente tudo que via, pena não poder fotografar meus sonhos. Um povo feliz passeia de bicicleta sob minha janela em Copenhagen. Esqueço do resto da Europa, do mundo e das saudades do Brasil para simplesmente olhar pela janela.
Edgard Bessa 28/08/98 7:45 Copenhagen - Dinamarca
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