Friday, November 25, 2005

Naquele tempo... (poesia)

Naquele tempo...

Meu avo tomava leite na caneca
De ágata, como o pinico.
Os sapatos tinham cadarço
As cozinhas cristalheiras,
O banheiro abria para cozinha
A água no filtro de barro
E na moringa.
Os filhos falavam baixo,
Quando falavam...
Os pais rezavam a mesa,
E todos repetiam a oração.
Pedia-se licença para levantar,
E o “tem toda” dava movimento as pernas.
Comia-se peixe na quinta e sexta santa,
E em outros momentos especiais.
Aos doentes se dava canja de galinha,
Os saudáveis comiam toucinho.
O relógio ficava na parede ou no bolso,
Só os homens levavam as horas.
O motorneiro do bonde usava quepe,
O trocador puxava um fio anotando pagamento,
Num mecanismo barulhento.
Sr. Jaime com papel e lápis,
(E para que servem as orelhas)
Calculavam as contas no armazém.
O dinheiro não era eletrônico,
Era apenas uma anotação e confiança.

1 Comments:

At 11:08 AM, Blogger Rubens da Cunha said...

Olá Edgard, muito bom o blog, assim como os textos. Adorei este poema.
abraços
Rubens

 

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